segunda-feira, 3 de março de 2008

TIPOS DE MARACATU

Há dois tipos de Maracatu, ambos originários e representantes do Folclore e do Carnaval de Pernambuco:

MARACATU NAÇÃO também conhecido por Maracatu de Baque Virado
Maracatu é uma manifestação cultural da música folclórica pernambucana afro-brasileira. É formada por uma orquestra de percussão que acompanha um cortejo real. Como a maioria das manifestações populares do Brasil, é uma mistura das culturas indígena, africana e européia. Surgiu em meados do século XVIII.







Os Maracatus mais antigos do Carnaval do Recife, também conhecidos como Maracatu de Baque Virado ou Maracatu Nação, nasceram da tradição do Rei do Congo, implantada no Brasil pelos portugueses. O mais remoto registro sobre Maracatu data de 1711, de Olinda, e fala de uma instituição que compreendia um setor administrativo e outra, festivo, com teatro, música e dança. A parte falada foi sendo eliminada lentamente, resultando em música e dança próprias para homenagear a coroação do rei: o Maracatu.
Parece que a palavra "maracatu" primeiro designou um instrumento de percussão e, só depois, a dança que se dançava ao som deste instrumento. Os cronistas portugueses chamavam aos "infiéis" de nação, nome que acabou sendo assumido pelo colonizado. Os próprios negros passaram a autodenominar de nações a seus agrupamentos tribais. As nações sobreviventes descendem de organizações de negros deste tipo, e nos seus estandartes escrevem CCMM (Clube Carnavalesco Misto Maracatu).
Mário de Andrade, no capítulo Maracatu de seu livro Danças Dramáticas Brasileiras II, elenca diversas possibilidades de origem da palavra maracatu, entre elas uma provável origem americana:

maracá= instrumento ameríndio de percussão;
catu= bom, bonito em tupi;
marã= guerra, confusão;
marãcàtú, e depois maràcàtú valendo como guerra bonita, isto é, reunindo o sentido festivo e o sentido guerreiro no mesmo termo.
Mario de Andrade no mesmo texto deixa claro que enumerava os vários significados da palavra "sem a mínima pretensão a ter resolvido o problema. Simples divagação etimológica pros sabedores...divagarem mais." No entanto, sua origem e história não é certa, pois alguns autores ressaltam que o maracatu nasceu nos terreiros de candomblé, quando os escravos reconstituíam a coroação do reis do Congo. Com o advento da abolição, este ritual ganhou as ruas, tornando-se um folguedo carnavalesco.


Constituição


Do Maracatu Nação participam entre 30 e 50 figuras. Entre elas estão o Porta-estandarte, trajado à Luís XV (como nos clubes de frevo), que conduz o estandarte. Atrás, vêm as Damas do Paço, no máximo duas, e que carregam as Calungas, que são bonecos de origem religiosa, que simbolizam uma rainha morta.
A dança executada com as Calungas tem caráter religioso e é obrigatória na porta das Igrejas, representando um "agrado" a Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito. Quando o Maracatu visita um terreiro, homenageia os Orixás.
Depois das Damas do Paço segue a corte: Duque e Duquesa, Príncipe e Princesa, um Embaixador (nos Maracatus mais pobres o Porta-estandarte vale como Embaixador).
A corte abre alas para o Rei e a Rainha, que trazem coroas douradas e vestem mantos de veludo bordados e enfeitados com arminho. Nas mãos trazem pequenas espadas e cetros reais. O Rei é coberto por um grande pálio encimado por uma esfera ou uma lua, transportado pelo Escravo que o gira entre suas mãos, lembrando o movimento da Terra. O uso deste tipo de guarda-sol é costume árabe, ainda hoje presente em certas regiões africanas.
Alguns Maracatus incluem nesse trecho do cortejo também meninos lanceiros e a figura do Caboclo de Pena, que representa o indígena brasileiro e tem coreografia complicadíssima.
A orquestra do Maracatu Nação é composta apenas por instrumentos de percussão: vários tambores grandes (alfaias), caixas e taróis, ganzás e um gonguê (metalofone de uma ou duas campânulas, percutidas por uma vareta de metal).Hoje em dia, se usa xiquerês(instrumento confeccionado com uma cabaça e uma saia de contas). O Mestre de Toadas "puxa" os cantos, e o coro responde. As baianas têm a responsabilidade de cantar, outras vezes, são os caboclos, mas todos os dançarinos também podem participar.


Este Maracatu mais tradicional é chamado de Baque Virado porque este termo é sinônimo de um dos "toques" característicos do cortejo.
Os Maracatus de Baque Virado sempre começam em ritmo compassado, que depois se acelera, embora jamais alcance um andamento muito rápido. Antes de se ouvir a corneta ou o clarim, que precedem o estandarte da Nação, é a zoada do "baque" que anuncia, ao longe, a chegada do Maracatu.

O Maracatu se distingue das outras danças dramáticas e das danças negras em geral pela sua coreografia. Há uma presença forte de uma origem mística na maneira com que se dança o Maracatu, que lembra as danças do Candomblé. Balizas e Caboclos dançam todo o cortejo. Baianas e Damas do Paço têm coreografias especiais. Todos os outros se movimentam mais discretamente. Caboclos e Guias fazem muitas acrobacias, que parecem com os passos dos frevos de carnavalescos. Mário de Andrade descreve a dança das yabás(baianas): “Embebedadas pela percussão, dançam lentas, molengas, bamboleando levemente os quartos, num passinho curto, quase inexistente, sem nenhuma figuração dos pés. Os braços, as mãos é que se movem mais, ao contorcer preguiçoso do torso. Vão se erguendo, se abrem, sem nunca se estirarem completamente no ombro, no cotovelo, no pulso, aproveitando as articulações com delícia, para ondularem sempre. Às vezes, o torso parece perder o equilíbrio e lerdamente vai se inclinando para uma banda, e o braço desse lado se abaixa sempre também, acrescentando com equilíbrio o seu valor de peso, ao passo que o outro se ergue e peneira no ar numa circulação contínua e vagarenta...”

Personagens

As personagens que compõem o cortejo são os seguintes:
1. Porta-estandarte, que leva o estandarte; este contém, basicamente, o nome da agremiação, uma figura que o represente e o ano que foi criada.
2. Dama do paço, mulher que leva em uma das mãos a CALUNGA(boneca de madeira, ricamente vestida e que simboliza uma entidade ou rainha já morta).
3. Rei e rainha, as figuras mais importantes do cortejo, e é por sua coroação que tudo é feito.
4. Vassalo, um escravo que leva o PALIO(guarda-sol que protege os reis).
5. Figuras da corte: príncipes, ministros, embaixadores, etc.
6. Damas da corte, senhoras ricas que não possuem título nobiliárquicos.
7. Yabás, mais conhecidas como baianas, que são escravas.
8. Batuqueiros, que animam o cortejo, tocando vários instrumentos, como caixas de guerra, alfaias (tambores), gonguê, xiquerês, maracás, etc.

Grupos de Pernambuco

Maracatu Nação Olinda
Nação Estrela Brilhante
Nação Leão Coroado
Nação Porto Rico
Nação Elefante
Nação Pernambuco
Maracatu Badia
Ouro do Porto
Cambinda Estrela
Nação do Engenho
Maracambuco
Várzea do Capibaribe
Batuque Estrelado
Encanto da Alegria
Leão Negro (Olinda)
Maracatu Chuva de Prata (Olinda)
Maracatu A Cabralada (Olinda)
Maracatu Vila Nova (Surubim)
Aurora Africana (Jaboatão dos Guararapes)
Maracatudo Camaleão (Olinda)

Grupos pelo Brasil

Nação Amaranto (Divinópolis - MG)
Mucambo (percussão) (São João del Rei - MG)
Baque do Vale (Itajubá - MG)
Trovão das Minas (Belo Horizonte - MG)
Maracatu Lua Nova (Belo Horizonte - MG)
Bojo Malê (Campo Grande - MS)
Nação Fortaleza (Fortaleza - CE)
Nação Iracema (Fortaleza - CE)
Vozes D'africa (Fortaleza - CE)
Reis de Paus (Fortaleza - CE)
Nação Acasa (Salvador - BA)
Maracaeté (Curitiba - PR)
Estrela do Sul (Curitiba - PR)
Boizinho Faceiro (Curitiba - PR)
Voa-Voa Maracatu Brincante (Curitiba - PR)
Treme Terra (Bombinhas - SC)
Jaé (Itajaí - SC)
Arrasta Ilha (
Florianópolis - SC)
Ilê Aláfia (São Paulo - SP)
Nobre Real (São Paulo - SP)
Bloco de Pedra (São Paulo - SP)
Caracaxá (São Paulo - SP)
Quiloa (Santos - SP)
Nação Tainã (Campinas - SP)
Rio Maracatu (Rio de Janeiro - RJ)
Maracatu Truvão (Porto Alegre - RS)
Rochedo de Ouro (São Carlos -SP)




MARACATU RURAL é uma manifestação cultural da música folclórica pernambucana no qual figuram os conhecidos caboclos de lança. É conhecido também por Maracatu de Baque Solto. Distingue-se do Maracatu Nação ou Maracatu de Baque Virado, em organização, personagens e ritmo.
A crise que antecedeu a II Guerra Mundial provocou uma onda migratória da zona rural para o Recife. Os Maracatus Rurais, também conhecidos como Maracatus de Orquestra ou de Trombone, surgiram nessa época, através da fusão de

vários folguedos do interior de Pernambuco, especialmente da zona canavieira. Portanto, nada têm a ver com a instituição mestra do Rei do Congo.
São muito mais recentes e, como trazem Caboclos de Lança e de Pena, podem, às vezes, ser confundidos com os Caboclinhos. Seu acompanhamento musical reúne gonguê com duas campânulas (metalofone percutido com vara de metal), ganzá, tarol, cuíca, surdo, zabumba, saxofone, corneta e trombone, com coro exclusivamente feminino.





Além do Rei e da Rainha, trazem como personagens a Porta-Bandeira ou Baliza, a Dama do Paço, as Porta-Buquês, as Baianas, os Caboclos, os Caboclos de Lança (com chapéu em forma de funil), caboclos de Pena e a Boneca Aurora. A lança dos Caboclos é de madeira torneada e tem a ponta aguda, de cerca de 3Ocm. Eles a seguram com as duas mãos e brincam para cima, para baixo, para os lados, afastando a multidão, enquanto correm, saltam e dançam.
Têm o rosto tingido e entre seus passos característicos acontece um duelo fictício (caso contrário, feriria os brincantes com as lanças). Rápido e violento, esse duelo lembra, pelas batidas das lanças, as danças de espada ou de bastão.
Os Caboclos de Pena ou Tuxáus usam um capacete grande, bordado, com penas tingidas de cauda de pavão, e fitas largas.
O conjunto do Maracatu Rural avança rapidamente em formação circular. Os Caboclos de Lança correm por fora do círculo e as Baianas e Damas de Buquê dançam num outro círculo interior, no centro do qual ficam o estandarte, a Boneca Aurora e os Caboclos de Pena.


Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Maracatu_Nação
http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/5ritmos/marural.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maracatu_Rural

Um comentário:

Nalu disse...
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